O projeto de Sol, ao criar esses sete personagens inspirados na Serra do Caraça, opera em uma intersecção crucial entre arte, educação patrimonial e ambiental. As máscaras funcionam como mediadoras, convidando o público a uma reflexão sobre a devastação ecológica e a necessidade de preservação. Não se trata de uma didática simplista, mas de uma convocação à percepção de que a cultura e a natureza são indissociáveis, e que a perda de uma implica a mutilação da outra.
A obra de Sol se alinha a uma linhagem de artistas contemporâneos que desconstroem a noção de território como paisagem passiva. Para ela, o território é um tecido de histórias sobrepostas, de violências e resistências. Ao dar forma a essas máscaras, Sol não apenas celebra uma tradição, mas a ressignifica como ferramenta crítica para pensar o consumo predatório, a devastação ambiental e a complexa teia de relações que nos ligam ao mundo natural. Sua arte é um convite a um reencantamento crítico, a uma escuta profunda das vozes que vêm da terra e da memória, e a um reconhecimento da potência de um fazer artístico que se recusa a silenciar diante da destruição.


